“Numa sociedade multicultural, como é a portuguesa, o reconhecimento e o respeito pelas necessidades individuais de todos os alunos e, em particular, das necessidades específicas dos alunos recém-chegados ao sistema educativo nacional devem ser assumidos como princípio fundamental através da construção de projectos curriculares que assegurem condições equitativas de acesso ao currículo e ao sucesso educativo.”
(In Ministério da Educação, Despacho Normativo 7/2006)
Em Portugal, ao longo dos anos, tem vindo a crescer e a difundir-se o número de jovens provenientes dos mais variados Países do Mundo que, quando chegam às nossas Escolas, se debatem com necessidades aos mais variados níveis: necessidades linguísticas, que se apresentam como resultado do desconhecimento total ou parcial da Língua Portuguesa; necessidades culturais, que advêm dos códigos culturais da Sociedade de acolhimento; necessidades curriculares, consequência das diferenças entre o currículo do País de origem e do País de acolhimento e necessidades de integração, resultantes das inúmeras diferenças sociais e culturais entre Países. Todas estas necessidades são consequências directas tanto para as relações interpessoais e sociais, como para a própria aprendizagem, que se apresenta como algo muito difícil e complicado de concretizar no seio de tantas transformações e alterações de uma só vez. No entanto, e adquirindo um papel mais activo, os jovens recém-chegados vêem-se forçados a ganhar autonomia e responsabilidade, longe do seu País, da sua comunidade, dos seus amigos.
O Dan, a Andriana, o Victor e a Kaliana são quatro jovens que estão a passar por todo esse processo. E cabe à Escola, Instituição, por excelência, responsável pela igualdade de oportunidades para todos os que a frequentam, a plena integração dos seus alunos, ajudando-os a ultrapassar todas as barreiras, nomeadamente as linguísticas, tornando-as aprazíveis e úteis, pensando na interculturalidade, na troca de experiências, de conhecimentos, de aspectos culturais e tradições.
Promover o espírito de tolerância, desmistificar estereótipos culturais e atitudes preconceituosas face a grupos étnicos minoritários, promovendo actividades de intercâmbio cultural são metas a considerar no processo de ensino do Português enquanto Língua Não Materna (PLNM). Torna-se, portanto, necessário que o professor seja detentor de um conhecimento o mais aprofundado possível do perfil de cada aluno, bem como das suas motivações para a aprendizagem do Português (percurso escolar, motivos profissionais, interesses pessoais). Como consequência, o docente deve seleccionar as linhas orientadoras do seu trabalho pedagógico, de forma pragmática, tendo como objectivo colmatar as lacunas linguísticas e culturais que os seus alunos apresentem.
Força de vontade de aprender, espírito de coragem e persistência são elementos fundamentais que não são descurados no trabalho desenvolvido pelos referidos alunos. Que este seja o início de um percurso que contribua para a plena integração do Dan, da Andriana, do Victor e da Kaliana na nossa Sociedade.
A Professora de PLNM,
Eugénia Gomes
in Com Pias e Cabeça, edição número 31, Dezembro 2009, Periódica